Sumário: Como lidar com as sequelas do AVC:
- Tipos de AVC
-Sequelas (principais)
Avaliação prática de alguns alunos.
A professora iniciou a aula com a distribuição de uma ficha de trabalho: "Como lidar com as sequelas do AVC".
Iniciámos a sua leitura e análise com algumas intervenções pertinentes pelo meio, da parte da professora abordando o conceito esquémia e explicação aos alunos do que se trata um angioma e um aneurisma. *
Como lidar com as
sequelas do AVC
Segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS), as doenças do coração são a primeira causa de morte no mundo,
responsáveis por cerca de 17,1 milhões de casos anualmente. Destes, 5,7 milhões
estão relacionados ao AVC (acidente vascular cerebral), o popular
"derrame".
Além do alto número de mortes, é alta
também a probabilidade de o indivíduo que sofre um AVC - e que não recebe
tratamento a tempo – ficar com sequelas, algumas muito graves. Elas são
bastante variadas e dependem da região do cérebro onde aconteceu a lesão.
Confira abaixo os tipos de AVC e as
principais sequelas que eles podem deixar no paciente. Quanto mais preciso for
o seu diagnóstico, mais rápido um tratamento específico pode ser iniciado e mais
probabilidades o indivíduo terá de resgatar a sua independência.
Tipos de AVC
O AVC isquémico é o mais comum e
acontece quando falta sangue em uma determinada região do cérebro, levando à
morte das células por deficit de oxigênio. O dano é grave e pode atingir de
forma definitiva o cérebro, caso não seja tratado rapidamente e de forma
eficaz.
O AVC hemorrágico acontece por algum
tipo de má-formação (aneurisma, angioma), e o resultado é uma inundação de
sangue no cérebro. Este é considerado mais perigoso em primeira instância e
possui maior índice de mortalidade, pois o volume de sangue pode causar maiores
danos cerebrais. Contudo, a longo prazo, o sangue é reabsorvido e as sequelas
podem ser menores, quando diagnosticado a tempo e de forma adequada, evitando
lesões isquémicas secundárias.
As principais sequelas
Paralisias
As sequelas do acidente vascular cerebral são decorrentes do tipo de lesão, da extensão e da sua localização. Geralmente, a área mais afetada é a região irrigada pela artéria cerebral média, causando paralisia desproporcional do lado contrário do corpo (em que, na maioria das vezes, o membro superior é mais afetado do que inferior).
As sequelas do acidente vascular cerebral são decorrentes do tipo de lesão, da extensão e da sua localização. Geralmente, a área mais afetada é a região irrigada pela artéria cerebral média, causando paralisia desproporcional do lado contrário do corpo (em que, na maioria das vezes, o membro superior é mais afetado do que inferior).
"Por isso, é comum vermos pacientes
que voltam a andar, mas ficam com os movimentos do braço muitos
limitados", explica a Dra. Cristiane Isabela de Almeida, fisiatra e
gerente médica do Centro de Reabilitação do Einstein.
Déficit Sensitivo
De difícil tratamento, a falta de
sensibilidade causa uma sensação de anestesia parcial ou total
do segmento do corpo afetado, e pode vir acompanhada ou não de dor. Muitas
vezes, ele tem o movimento, mas como não sente, acaba por não utilizar a parte
afetada.
"Para o indivíduo sadio, pegar um
objeto é um ato normal, corriqueiro e automático. Num paciente com déficit motor, este ato
deverá ser planeado, visto que a pessoa deverá passar a calcular a distância, a
força, o tipo de pressão, o peso. Em pacientes com sequelas sensitivas, este
mesmo ato também vai precisar da compensação com a visão, além de todos os
requisitos acima", conta a médica.
Afasia·
Em 95% das pessoas, o hemisfério
dominante, onde se localiza o centro da linguagem, fica no lado esquerdo do
cérebro. Por isso, é comum ao paciente que tem AVC do lado esquerdo apresentar
paralisia à direita associada a um déficit de linguagem, chamada afasia, que se
dividem predominantemente em três tipos:
·
De expressão: pacientes que entendem melhor do que
falam.
·
De compreensão: o paciente pode ter fala fluente, mas
sem significado e/ou coerência.
·
Mista: é mais comum, e o paciente apresenta
dificuldade de compreensão e de expressão.
Segundo a médica, os indivíduos afásicos
têm a inteligência preservada e tendem a prestar atenção em dicas não-verbais que
recebem do ambiente, em expressões faciais, musicalidade da voz, por vezes
imitando movimentos e gestos das pessoas que os cercam. É como se tivessem que
se comunicar por meio de uma língua com a qual não estão habituados.
Apraxias
Geralmente, acompanham a lesão do hemisfério dominante em que, além da dificuldade na fala, a pessoa perde a capacidade de se expressar por gestos e mímicas. Muitas vezes, este tipo de comunicação só se dá se for intencional, espontânea. Os tipos de apraxias mais comuns são:
Geralmente, acompanham a lesão do hemisfério dominante em que, além da dificuldade na fala, a pessoa perde a capacidade de se expressar por gestos e mímicas. Muitas vezes, este tipo de comunicação só se dá se for intencional, espontânea. Os tipos de apraxias mais comuns são:
·
Construtiva: dificuldade de montar um
quebra-cabeça.
·
Ideomotora: dificuldade na expressão de gestos com
significado – dar tchau, sinal de silêncio.
·
Posicional/Espacial: dificuldade na localização
espacial em si e/ou no outro, (direita/ esquerda, mapas).
O tipo mais grave é a de apraxia de
marcha. Segundo a fisiatra, o paciente não está paralisado, mas perde a
sequência de movimentos necessária para o ato de andar.
A apraxia do vestir-se, dificuldade na
sequência de posicionamento e colocação de roupas, ocorre nas lesões de
hemisfério não-dominante.
Negligência
Pode ocorrer em lesões do hemisfério não-dominante. E se caracteriza por uma falta de perceção da metade afetada do corpo, como se aquele segmento não lhe pertencesse.
Pode ocorrer em lesões do hemisfério não-dominante. E se caracteriza por uma falta de perceção da metade afetada do corpo, como se aquele segmento não lhe pertencesse.
É uma sequela muito grave, mas que,
normalmente, desaparece ou se torna apenas uma desatenção depois dos três
primeiros meses. Os quadros de negligência também podem ser de três tipos –
motor, visual, sensitivo. O indivíduo tem o movimento, enxerga e sente, porém o
cérebro não percebe estas possibilidades. "Essas pessoas não se importam
com o que está acontecendo ao seu redor, falam em demasia e estão pouco
comprometidas com o tratamento", explica a Dra. Cristiane Isabela.
Agnosia Visual
Lesão que acontece na parte posterior do cérebro (área de receção da visão), e que é conhecida por agnosia visual, em que o paciente não consegue reconhecer objetos visualmente.
Lesão que acontece na parte posterior do cérebro (área de receção da visão), e que é conhecida por agnosia visual, em que o paciente não consegue reconhecer objetos visualmente.
Ele "enxerga, mas não vê". E
isso pode influenciar negativamente inclusive o seu desempenho motor. E
dependendo do local e do grau da lesão, a pessoa pode ter dificuldade em
reconhecer rostos.
Déficit de Memória
Outra sequela é o déficit de memória. E
o mais comum é que os pacientes lembrem mais de coisas antigas do que de
recentes. Se o paciente ''lembra que esquece", isso é, possui metamemória,
a reabilitação é possível.
Lesões no Tronco Cerebral
Geralmente, estas lesões possuem quadros
motores muito graves, pois causam paralisia nos dois lados do corpo além de
déficits associados (estrabismo, paralisia facial, desequilíbrio, disfagia ou
dificuldade para engolir).
Aqui, o paciente tem a capacidade mental
intacta, mas apresenta grave incoordenação motora e saliva em excesso.
"Podem parecer ter deficiência mental, devido à falta de coordenação
também na fala.
Alterações Comportamentais
Na parte da frente do cérebro estão
localizadas as funções mais nobres do ser humano. Dependendo do local e da
extensão da lesão, o paciente pode apresentar quadro de apatia ou de agitação.
Em quadros de falta de iniciativa, podem ficar sem apetite e sem vontade de
beber água. Nos de agitação, tendem a ficar sem crítica social – falam sem
pensar –, e na maioria das vezes, podem ser explosivas quando contrariadas.
Depressão·De acordo com a Dra.
Cristiane Isabela, cerca da metade dos pacientes que tiveram AVC e ficaram com
graves sequelas apresenta um quadro de depressão que necessitará de tratamento
com medicação.
Diagnóstico preciso: tratamento adequado
É muito importante fazer um diagnóstico
preciso e detalhado das sequelas do AVC para que o prognóstico seja o mais
assertivo possível. Para isso, é necessário classificar que tipo de
incapacidade o paciente apresenta e fazer uma análise do tipo de tratamento a
ser feito. De acordo com a médica, sequelas moderadas apresentadas pelo
paciente devem ser estudadas com mais cuidado, pois se não forem estimuladas,
não apresentarão a recuperação possível. Qualquer problema negligenciado pode
atrapalhar no tratamento e na qualidade de vida dele.
O cérebro nunca para de tentar encontrar
novos caminhos de recuperação. As células que foram atingidas e morreram não se
recuperam, mas as que ficam próximas da área lesionada, conhecidas por zona de
penumbra, podem ser recuperadas pelo menos parcialmente com o tratamento.
O tratamento de reabilitação do AVC deve
ter início precoce e ser conduzido por um médico fisiatra, que fará o
diagnóstico e o prognóstico das incapacidades. Dependendo do quadro do
paciente, membros da equipe multiprofissional serão acionados e juntos farão o planeamento
das terapias – fisioterapia, hidroterapia, terapia ocupacional, fona audiologia,
psicologia, neuropsicologia, enfermagem de reabilitação, nutricionista,
ortoptista – somadas a equipamentos de alta tecnologia.
De acordo com a fisiatra, em geral, 85%
dos pacientes voltam a ser independentes em suas atividades de vida diária
(alimentação, vestuário, higiene) e marcha, se tratados precocemente e de forma
eficaz. E o retorno para as atividades estudantis e profissionais vai depender
mais das dificuldades cognitivas que o paciente apresentar do que do seu quadro
motor.
A reabilitação atua em duas frentes:
treinando o paciente para sua independência, com o potencial de função que ele
já apresenta, e estimulando mecanismos de neuro plasticidade - enviando
informações corretas para a zona de penumbra, tentando recuperar ou desenvolver
a função perdida.
Trabalho de
avaliação prática
Paciente
portador de doença crónica que apresente dependência física;
Paciente idoso,
com dificuldade de locomoção
Paciente com dependência física
motivada por AVC
*Durante a análise da ficha de trabalho foram abordados alguns exemplos das principais sequelas de um AVC num paciente que são mais presenciadas no quotidiano.
Após a análise e discussão de exemplos sobre as sequelas de um AVC passámos à parte de avaliação prática onde dois alunos iniciaram a sua avaliação prática ficando por terminar.
A aula correu dentro da normalidade, os alunos mostraram interesse no tema trabalhado na aula, embora o sumário não tenha sido totalmente concretizado os alunos mantiveram uma boa postura para um bom ambiente de sala de aula.