Lições nº 13 e 14 26.09.2013
Sumario: Tipos de produtos, precauções a ter em conta, aplicação e utilização.
Métodos e técnicas de lavagem associadas à higienização.
Realização de uma ficha de trabalho.
No inicio da aula, fizemos uma breve revisão da aula anterior.
De seguida, a professora começou a explicar a matéria acima referida no sumário, com ajuda de um PowerPoint. Continuamos a visualização deste PowerPoint, pois foi iniciado na aula anterior mas não o terminamos de observar, continuando então nesta aula.
Aqui em baixo teremos um video com a matéria do PowerPoint.
E aqui temos a ficha de trabalho:
ESCOLA SECUNDÁRIA AFONSO LOPES
VIERIRA
CURSO
PROFISSIONAL DE TÉCNICO AUXILIAR DE SAÚDE
Higiene Segurança e Cuidados Gerais
Ano Letivo: 2012/13
M4: Prevenção e controlo da infeção na
higienização de roupas, espaços, materiais e equipamentos
- Os produtos de lavagem e desinfeção: tipo de produtos,
as precauções a ter em conta, aplicação e utilização e métodos e técnicas de
lavagem associadas à higienização dos espaços.
A principal distinção entre a limpeza
corrente da “área crítica geral” e da “área semicrítica geral” reside na
limpeza que é realizada a meio do dia, uma vez que neste período, e
somente neste, poderá existir um menor número de zonas a limpar.
Exemplo
de uma limpeza corrente a meio do dia:
Área crítica geral - A limpeza da
sala de tratamentos inclui chão, marquesa, superfícies de trabalho, mobiliário,
equipamentos, utensílios, lavatório e sua(s) torneira(s) e manípulo(s) de
porta(s), assim como o despejo de resíduos e a limpeza dos
contentores/recipientes.
Área semicrítica geral - A limpeza
corrente da sala de injetáveis inclui somente a marquesa, superfícies de
trabalho e o despejo de resíduos e a limpeza dos contentores/recipientes.
No sentido de facilitar o entendimento
relativo às áreas que deverão ser englobadas nos vários tipos de limpeza,
apresenta-se uma síntese no Quadro 3.
Quadro
3 –
Frequência da limpeza das diferentes áreas e equipamento
Limpeza corrente
(2 a 3 x dia)
|
Limpeza de Conservação
(1xsemana)
|
Limpeza global
(1xmês)
|
-
Escadas e corredores
-
Vidros de portas e guichets
-
Mobiliário (ex: mesas, cadeiras e secretárias)
-
Equipamento (ex: suportes de soro, computadores, candeeiros de mesa,
telefones, contentor de resíduos, etc.)
-
Balcões de apoio e bancadas de trabalho
-
Manípulos de portas
-
Corrimãos
-
Botões e interruptores
-
Zonas de lavagem de material e equipamento
-Instalações
sanitárias (nomeadamente lavatório, torneiras, sanita, base de duche/banheira
e manípulo do autoclismo)
-
Pavimento (com água quente e detergente
|
Rodapés
- Gavetas e prateleiras/
estantes
- Capachos (lavagem)
- Cortinas¹(lavagem)
- Maples e sofás
(aspiração para tecidos e
lavagem para napas)
- Pavimento (só com água quente)
- Varandas
- Contentores (lavagem
|
-Vidros
de janelas e estores/persianas
-
Paredes
-
Portas e ombreiras
-
Sistema de ventilação
e
respetivas grelhas²
-
Teto
-
Globos, pontos de luz
E
respetivas caixas
-
Canalizações altas e calhas técnicas
-Pavimento
(enceramento e vitrificação)
|
Desinfecão
A desinfeção consiste num processo de
destruição ou inativação de microrganismos na forma vegetativa (geralmente não atua
nos esporos bacterianos) em superfícies inertes, mediante a aplicação de
agentes químicos ou físicos.
Os desinfetantes, como antimicrobianos, exigem que
os utilizemos de forma criteriosa, pelo que não se aconselha a sua utilização,
por rotina, na desinfeção de superfícies (ex: pavimento), uma vez que o seu
uso frequente promove a sua rápida recontaminação.
Desinfetante - Agente químico
capaz de destruir os microrganismos nos objetos inanimados (materiais,
equipamentos ou superfícies) ou de reduzi-los para níveis não prejudiciais à
saúde.
Antisséptico - Agente químico
capaz de destruir ou inibir o crescimento microbiano nos tecidos vivos.
Antissepsia – Destruição ou
inibição de microrganismos utilizando o antisséptico.
DETERGENTES E DESINFECTANTES
A lista de detergentes e desinfetantes a utilizar
pelas empresas contratualizadas deve ser submetida à aprovação da Comissão de
Controlo de Infeção da Administração Regional de Saúde do Centro.
Em termos gerais, considera-se inaceitável a
utilização de:
- Detergentes em pó;
- Produtos cerosos derrapantes;
- Detergentes e desinfetantes pré-diluídos ou que
estejam fora das suas embalagens de origem;
- Produtos de limpeza ou de desinfeção que estejam
sem ficha de segurança.
Detergentes
Considera-se que os detergentes são substâncias tensioativas,
solúveis em água e dotadas de capacidade de emulsionar gorduras e manter os
resíduos em suspensão, facilitando desta forma a remoção da matéria orgânica
das superfícies. São geralmente utilizados para a limpeza de pavimentos,
equipamentos, utensílios e superfícies de trabalho.
Os detergentes a utilizar devem cumprir os
requisitos, que são apresentados no Quadro 4.
Quadro 4 - Principais
requisitos dos detergentes
Requisitos
|
- Estar devidamente rotulado¹ e identificado na
embalagem de origem;
- Trazer indicações precisas de diluição;
- Ser diluído somente no momento em que vai ser
utilizado;
- Ser utilizado na dose correta (com a utilização
de doseadores) e de acordo com as instruções do fabricante;
- Ser biodegradável;
- Ser adequado² à (s) superfície (s) em que vai
ser utilizado;
- Ser preferencialmente não iónico (pois produz
menos espuma);
- Ter pH neutro ou ligeiramente alcalino;
- Manter-se fechado até ao início da sua
utilização e sempre que não esteja a ser utilizado.
|
1. O rótulo deve estar escrito em português e
indicar a composição do produto, o modo de utilização e o de conservação e o
prazo de validade, nomeadamente a validade após a diluição;
2. A adequabilidade dos detergentes às superfícies
deve ter em consideração aspetos como: não serem corrosivos para os metais,
vidros ou porcelanas; serem compatíveis com plásticos e borrachas; não deixarem
resíduos.
TÉCNICA DE LIMPEZA
Antes de se iniciar a limpeza de qualquer área,
deve-se:
- Fechar as portas e abrir as janelas para favorecer
a ventilação do espaço;
- Afastar todo o equipamento das paredes;
- Recolher os resíduos espalhados.
Não devem ser usados quaisquer meios de
limpeza que levantem pó, com exceção dos procedimentos empregues nas áreas
não-críticas exteriores (ex: escadas, átrios e varandas exteriores), pois
alguns microrganismos podem ser transmitidos através de minúsculas gotículas ou
partículas atmosféricas por via aérea, quando permanecem em suspensão, ou por
contacto, quando se depositam nas superfícies.
Assim, o ato de varrer pode conduzir à ressuspensão
de microrganismos, razão pela qual não se deve realizar este procedimento. Recomenda-se
que na limpeza dos Centros de Saúde sejam respeitados os seguintes princípios:
- Não usar vassouras, espanadores ou outro
utensílio/equipamento de limpeza do pó a seco;
- Realizar a limpeza do pó por meios húmidos,
utilizando-se para o efeito um pano embebido em água e detergente, a fim de
remover não só o pó como a sujidade em geral;
- Utilizar o detergente adequado à superfície a
tratar;
- Limpar com movimentos de limpeza suaves, de forma
a minimizar o levantamento de partículas.
Quando um mesmo trabalhador do serviço de limpeza
tem várias áreas das Unidades de Saúde adstritas para limpar, a organização das
atividades deve ser sempre estabelecida no sentido das áreas mais limpas (áreas
não críticas) para as mais sujas (áreas críticas).
Numa mesma área deve ter-se ainda em atenção
a orientação da limpeza:
Orientação horizontal – da zona mais
afastada para a mais próxima (limpeza do fundo da sala para a porta de saída).
Orientação vertical – de cima para
baixo, ou seja, em primeiro lugar limpar o teto e por fim o chão. Numa limpeza
global a sequência da limpeza poderá ser, por exemplo: 1.º pontos de luz e teto;
2.º paredes; 3.º estores e janelas (face interior e exterior); 4.º mobiliário e
utensílios; 5.º chão.
Os trabalhos de limpeza global não podem prejudicar
a realização dos trabalhos de limpeza corrente, semanal ou imediata.
Limpeza de superfícies
A limpeza com água quente e detergente é adequada
para as superfícies existentes nas Unidades de Saúde, pois remove a maior parte
dos microrganismos. Contudo é igualmente importante, para que não haja recontaminação
e multiplicação de microrganismos, que todas as superfícies limpas fiquem bem
secas.
Durante a limpeza das superfícies, devem
respeitar-se as seguintes orientações:
- Realizar a limpeza a húmido com água quente e
detergente adequado, reforçando este procedimento em zonas com manchas;
- Após a
limpeza, as superfícies devem ficar o mais secas possível e nunca
“encharcadas”;
- Depois do período de secagem, as superfícies que
servem de apoio à preparação de medicamentos e de técnicas que requerem
assepsia, deverão ser desinfetadas com álcool a 70%;
- Dentro de cada área (ex: sala de tratamentos) o
pano deve ser exclusivo para cada tipo de equipamento, de acordo com o
preconizado no Quadro 9.
Limpeza do pavimento
A diversidade de
pavimentos leva a que existam diferentes métodos de limpeza tanto manuais
(húmido e seco) como mecânicos (máquinas automáticas de lavar e/ou enxugar e de
jatos de vapor de água saturada sob pressão).
Nesta sequência, apresenta-se resumidamente o
procedimento de cada um dos métodos anteriormente referidos.
Método manual húmido
Recomenda-se que a limpeza do pavimento seja efetuada
com o método de duplo balde, o qual deve englobar os componentes
referidos na Figura 1.
Fig.1 – Modelos de duplo balde e seus componentes
Na lavagem do pavimento deve ainda ter-se em
conta que:
- A esfregona deve ser agitada dentro de cada balde
e bem espremida;
- Devem adotar-se movimentos ondulantes e manter as
franjas da esfregona abertas;
- A água deve ser quente e mudada frequentemente.
Nas áreas críticas e semicríticas, por exemplo, a água tem de ser mudada sempre
entre salas e, dentro de cada sala, sempre que a água se encontre visivelmente
suja, para evitar a redistribuição de microrganismos;
- Nos corredores e/ou áreas a limpar devem
colocar-se fitas ou outra sinalização (ex: cones de sinalização) para aviso de
piso escorregadio, nos dois extremos dessas áreas;
- Os corredores e escadas devem ser lavados no
sentido longitudinal, ou seja lava-se primeiro uma metade e só depois a
restante parte, de modo a permitir a circulação segura das pessoas durante a
limpeza.
- As zonas de difícil acesso às máquinas de disco
devem ser limpas manualmente.
Pelo menos uma vez por semana, os pavimentos devem
ser lavados primeiro pelo método de duplo balde e, de seguida, deve efetuar-se
uma limpeza com água simples para remover a película de detergente que se vai
acumulando (Quadro 6)
Quadro 6 – Periodicidade
mínima da limpeza do pavimento de acordo com o tipo de área
Sempre que o pavimento possua ralos para escoamento
de águas residuais, não se recomenda a utilização do método de duplo balde.
Nestas situações, o procedimento adequado consiste em espalhar uma solução de
detergente no pavimento e esfregar, empurrando de seguida as águas residuais
para o ralo. O pavimento deverá ser alvo de vários enxaguamentos, com água
limpa, até que a totalidade das águas residuais tenham sido conduzidas para o
ralo.
Método manual seco
A utilização de vassoura só é permitida em áreas
não-críticas exteriores como átrios, pátios, estacionamentos, entre outros,
consistindo este método simplesmente em retirar a sujidade através da
utilização de uma vassoura. Nas restantes áreas, e somente se for
imprescindível, a limpeza a seco deve ser feita pela utilização de um
aspirador, embora este não seja considerado método manual.
Método mecânico através de máquinas
automáticas de lavar e/ou enxugar
Na generalidade estas máquinas possuem depósito para
soluções de detergente, o qual é doseado diretamente para a escova através de
um dispositivo de autoaplicação. Estas realizam um processo de lavagem através
de escovas ou discos de rotação, podendo aspirar simultaneamente a água da
superfície do pavimento.
Neste método, deve evitar-se o risco da solução de
detergente secar na superfície antes da operação de aspiração.
De referir, que estas máquinas têm a vantagem de ter
uma alta eficiência de trabalho com menor esforço e risco para o trabalhador.
Método mecânico através de jatos de
vapor de água saturada sob pressão
Este método é usualmente utilizado nas limpezas
globais e pode ser aplicado praticamente em qualquer superfície fixa,
conseguindo-se obter uma boa limpeza pela sua aplicação direta na superfície,
sem necessidade de utilizar produtos químicos, enxaguamento ou secagem.
Limpeza de capachos
Em termos gerais recomenda-se uma cuidadosa limpeza
e conservação dos capachos, de acordo com um plano de manutenção, devendo
ter-se em consideração na sua aquisição as seguintes características:
- Serem de material ignífugo e resistente a
processos de desinfeção e lavagem;
- Possuírem a face posterior à prova de água;
- Possuírem fios condutores na sua constituição para
reduzir a produção de eletricidade estática;
-Serem constituídos por fibras não absorventes, que
facilitem a lavagem e que permitam a fácil remoção de manchas.
Limpeza de instalações sanitárias
Os equipamentos das instalações sanitárias devem ser
cuidadosamente limpos de acordo com o descrito no Quadro 7. É de referir, que a
frequência de limpeza das instalações sanitárias localizadas junto de zonas de
atendimento ao público (ex: Consultas Externas, Urgência, entre outras), deverá
ser adequada às necessidades.
Quadro 7 - Procedimentos
de limpeza dos equipamentos das instalações sanitárias
|
Procedimento
|
Sanitas
|
A
limpeza deve iniciar-se pela parte interna, com a utilização de um piaçaba e
de seguida a parte externa com a utilização de um pano húmido com água quente
e detergente associado a desinfetante
|
Manípulos/dispositvo
de descarga dos
autoclismos e manípulos das portas
|
Deve
utilizar-se um pano húmido com água quente e detergente associado a desinfetante.
|
Lavatórios e chuveiros
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A
limpeza deve ser iniciada pela face externa (sem tocar no pavimento),
seguindo-se as torneiras, parte interna e por último deve ser dada especial
atenção aos ralos.
|
Frascos doseadores
|
Recomenda-se
a utilização de frascos e doseadores de uso único, devendo a sua substituição
respeitar as recomendações do fabricante.
|
A reposição do sabão líquido, toalhetes para as mãos
e papel higiénico, quando da responsabilidade dos profissionais de limpeza,
deve ser realizada fora do horário de funcionamento do serviço.
É de salientar ainda, que os detergentes abrasivos
danificam a superfície vidrada da porcelana das louças sanitárias, podendo
ocasionar fissuras que constituem potenciais reservatórios para microrganismos
e danificam o metal das torneiras, sobretudo das cromadas, pelo que é
desaconselhada a sua utilização.
TÉCNICA DE DESINFECÇÃO PARA AS SITUAÇÕES
DE DERRAME
Nas situações de derrame, a técnica de desinfeção
implica que se utilize hipoclorito de sódio a 1% de cloro livre ou dicloroisocianurato
de sódio (Anexo 1).
O procedimento relativo às situações de derrame
implica que o profissional utilize equipamento de proteção individual adequado,
conforme.
É de salientar, que com exceção do procedimento “lavar
em seguida com água quente e detergente” (ponto 3 ou 4 conforme a situação
de derrame), todos os restantes procedimentos que constam do Quadro 8 devem ser
efetuados com luvas de látex descartáveis, que quando retiradas devem
ser colocadas no contentor de resíduos do Grupo III. A realização das operações
de lavagem/desinfeção exigem a utilização de luvas de menage para
proteção do trabalhador.
Alerta-se que as luvas deverão ser retiradas de
acordo com a técnica preconizada no (Anexo 2).
Sempre que os produtos derramados se encontrem
misturados com vidros partidos ou outro material cortante, deve utilizar-se uma
pinça para os remover, depositá-los em contentor adequado para material corto-perfurante
e seguidamente efetuar de acordo com o procedimento recomendando.
Preconiza-se para cada desinfetante a metodologia de
desinfeção apresentada no Quadro 8.
Quadro 8 – Procedimento a
adotar nas situações de derrame
Responda
às questões a seguir apresentadas:
1.
Imagine
que tinha como tarefa fazer a higienização com limpeza corrente de uma
enfermaria com 3 unidades de utentes.
1.1.
Indique
todos os passos necessários, numerando-os, para levar a cabo esse procedimento.
(consulte , se necessário as fichas de trabalho realizadas em aulas
anteriores).
1.2.
Indique como procederia utilizando para a
limpeza do cão a técnica de balde duplo.
1.3.
Classifique a área em questão de acordo com o
risco de infeção
1.4.
Indique
em que área da unidade terá que usar detergente de limpeza e também
desinfetante.
2.
Enumere os requisitos que devem cumprir os
detergentes que vai utilizar nessa
limpeza.
3.
Indique
vantagens na utilização de máquinas automáticas de lavar e secar.
4.
Identifique
o produto mais barato e usual para a desinfeção quando há derrame de
substâncias orgânicas.
5.
Indique
a sequência que seguiria para fazer a limpeza global da mesma enfermaria.
6.
Indique
em que local de uma unidade de saúde poderá utilizar o método manual seco de
limpeza.
7.
Enumere
outra situação e local onde poderá utilizar o método mecânico seco de limpeza.
8.
Indique os princípios a serem respeitados na limpeza dos Centros de
Saúde.